domingo, 25 de março de 2012

ANUNCIAÇÃO DO SENHOR

Ângelus: o Anjo do Senhor anunciou a Maria, e Ela concebeu do Espírito Santo; Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua vontade; O Verbo Divino se encarnou e habitou entre nós.

É lugar comum as reclamações das distâncias e dos silêncios de Deus na vida pessoal, nos acontecimentos, nos dramas da humanidade. Onde Deus estava quando aconteceu aquilo? Daí surge vários questionamentos. É a experiência de um Deus distante, omisso, insensível. Basta uma olhadela em toda a história da salvação para perceber o equívoco de tal afirmação. Desde o paraíso que Deus criou o homem e a mulher para serem parceiros Dele. Com Abraão, fez um pacto de fidelidade. No Egito, libertou e acompanhou o povo pela dureza e sofrimento do deserto. No exílio, enviou profetas para consolar o povo. E, na plenitude dos tempos, radicalizou sua presença no mundo: fez-se carne e habitou entre nós!

O Criador quis ser criatura. Essa é uma verdade inatingível pela mente humana. Soa absurdo aos nossos pobres ouvidos. É loucura para um sem números de homens e mulheres. Mas, para quem crer, é a mais bela página escrita no coração da humanidade. Deus assumiu o risco de ser gente. Essa é a novidade radical do cristianismo: nosso Deus tem rosto e coração de gente. Como posso continuar afirmando que Ele é distante, ausente, omisso... Pelo contrário, Ele é vida em nossa vida, é dor em nossas dores, é sofrimento em nossos sofrimentos. Quando o Verbo se encarnou, assumiu a carne (sarx) com tudo que ela tem de desprezível, exceto o pecado. Assumiu o limite e a fragilidade de ser pessoa. Será que precisamos de outra prova de amor de Deus por nós? Essa já é suficiente por demais.

A encarnação do Filho de Deus no seio virginal de Maria é a glorificação da pessoa humana. É bom ser pessoa. É tão bom que Deus resolveu experimentar. É o reconhecimento e a exaltação do corpo, como lugar de santificação e de vida. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Saber que Jesus esteve conosco estabelece motivação para vencermos as constantes lutas que enfrentamos. Deus reservou, aos homens e mulheres, o melhor de sua glória ao planejar o envio de seu Filho ao mundo. Que fato extraordinário quando visto de nossa frágil perspectiva: um Deus tão gigante e glorioso se digna assumir de forma mais direta e envolvente possível a nossa vida, tão ferida e desgastada.

No dia 25 de março celebramos a Anunciação do anjo Gabriel a Maria de que ela seria a mãe do Verbo Encarnado. Daqui a nove meses, nascerá o Menino Jesus. A liturgia da Igreja nos ajuda a viver e experimentar, todos os anos, a beleza da encarnação. Quando o arcanjo disse que Maria seria a mãe do Salvador, a jovem-virgem ficou em êxtase espiritual. O futuro da humanidade estava nas mãos daquela pobre jovem de Nazaré. Para felicidade, não só, dos homens e mulheres, mas de todo o mundo criado, incluindo o angélico, essa Virgem fiel disse sim. Tendo a verdadeira humildade, sabia que, se fora cumulada de tantas graças, não o fora senão por uma misericórdia e por um desígnio de Deus. Daí, a sublime resposta que Maria deu se repetir por todos os tempos enquanto o mundo for mundo: "Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo Tua palavra".

Qual o melhor fruto que podemos tirar da festa da Anunciação senão o de seguir o Filho, utilizando o mesmo caminho que Ele fez para vir até nós? "O feliz culpa que nos obteve tal Salvador", diz a liturgia da Semana Santa, referindo-se ao pecado original e à Redenção. Com toda a propriedade, podemos acrescentar, "e que nos deu Mãe tão terna, Advogada tão poderosa, verdadeiro penhor de salvação e de vida eterna".

Oração a Nossa Senhora da Anunciação:
Todas as gerações vos proclamem bem-aventurada, ó Maria! Crestes na mensagem divina e em vós se cumpriram grandes coisas, como vos fora anunciado. Maria ou vos louvo! Crestes na encarnação do Filho de Deus no vosso seio virginal e vos tornastes Mãe de Deus. Que possamos comunicar com a nossa vida a mensagem de Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida da humanidade. Amém!


Texto de: Frei Mário Sérgio, ofmcap

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