domingo, 25 de março de 2012

A Anunciação nos dias de hoje



De 25 de Março a 25 de Dezembro vão nove meses, os meses de gestação de Jesus, no seio da Virgem Maria. Por Maria se acolhe a salvação, cumprem-se as escrituras da vinda do Messias. Eis que o Anjo Gabriel anuncia os desígnios de Deus a Maria. A resposta de Maria "faça-se", "eis a serva do Senhor" mostra a generosidade e aceitação à vontade de Deus. Surge a nova Aliança! A redenção do mundo assegurou-se.
Para olhar a ação de Deus nos nossos dias e nas nossas vidas, preciso recorrer ao fato narrado por São Lucas no capitulo primeiro do seu evangelho, a partir do versículo 26: a anunciação do anjo a Virgem Maria. Um fato que podemos olhar de vários ângulos para entendermos a ação de Deus e a ela darmos uma resposta.
O fato: Deus mais uma vez desce do lugar de sua habitação e vem na direção do ser humano e quer o resgate deste ser por meio da adesão aos planos de Deus aqui feitos pelo sim de Maria. E Deus é justo, Ele visita, faz habitação, morada nos corações dos que crêem e dos que também duvidam ou vacilam.
Maria recebe a visita do anjo Gabriel (Deus é forte). Assim como seis meses antes, Zacarias havia recebido a visita de Gabriel. Um convite, uma festa, uma proposta o anjo faz a virgem.
Trata-se de um evento "humilde e discreto", "mas, ao mesmo tempo, decisivo para a história da humanidade". Naquele sim da Virgem ao anúncio do Anjo, começa a nova era da história selada depois na Páscoa como "nova e eterna Aliança” (Bento XVI), Efetivamente, é a alegria de um Anúncio que muda a humanidade para sempre: "Por si significa 'alegrai-vos'. Somente com esse diálogo do Anjo com Maria começa realmente o Novo Testamento. Assim podemos dizer que a primeira palavra do Novo Testamento é 'alegrai-vos', é 'alegria'.”  O Anjo convida Maria a "não temer" e ela confia completamente no Senhor – recorda o papa: "Maria disse sim à vontade, aparentemente muito grande, para uma pessoa. Comumente preferimos a nossa vontade a esse sim que se mostra por vezes tão difícil."
Maria torna-se desse modo um exemplo para todos nós. Mostra-nos a alegria que nasce do fazer a vontade do Pai: "Parece inicialmente como um peso quase insuportável, um jugo que não pode ser carregado, mas na realidade a vontade de Deus não é um peso. A vontade de Deus nos dá asas para voar para o alto."
Deus, neste momento quis precisar da colaboração do ser humano por meio do sim da Virgem Maria. Maria acolheu a Palavra, o Verbo. Abriu-se a ação Deus por meio do Espírito Santo e começa a servir, primeiro ao próprio Deus, fazendo-se serva do Senhor, e depois aqueles que precisavam sentir a presença de Deus através das ações dos seres humanos e Maria vai servir as pressas a sua prima, Izabel, que aqui representa todo o ser humano carente da ajuda de todos nós.
No anúncio ao saber do anjo que “para Deus nada é impossível”, Maria se coloca sem reservas nas mãos, na condução e serviço de Deus. É só desta maneira que o anjo se retira, a missão de Deus fora cumprida o ser humano é mais parceiro ainda na obra da construção do Reino de Deus.
Nos nossos dias, Deus, continua a contar com nossa adesão ao seu plano de salvação. Maria, como Mãe, nos apresenta diante Deus como filhos (as) necessitados (as) da presença de Deus em nós.
E o Senhor vem! Na eucaristia, na Palavra, nos seus anjos mensageiros, nos santos que nos rodeiam, para que a exemplo da virgem saibamos enxergar a ação e presença de Deus nas nossas vidas, acabar com o medo e abrir-se por completo a habitação de Deus nos nossos corações e cheios de graça pela presença do Espírito de Deus, possamos servir a exemplo de nossa Mãe Maria, modelo de acolhida Deus, primeira anunciadora, evangelizadora, catequista, área da Boa Nova, sacrário do Verbo Encarnado. A anunciação, hoje, acontece quando acolho e enxergo Deus presente, quando comunico através do agir e serviço, como resposta da escolha de Deus por cada uma de nós como instrumentos de anunciação hoje, pois afinal, somos filhas do Deus do impossível.
E Maria disse “SIM”:
O ‘sim da salvação’ na anunciação do anjo, o ‘sim da caridade’ na visita à prima Isabel, o ‘sim da vida’ no nascimento do Filho, o ‘sim da obediência à tradição’ na apresentação do Menino no Templo, o ‘sim do Plano de Deus’ na fuga para o Egito, o ‘sim à família’ na perda e encontro do Filho, o ‘sim da humildade’ ao saber que Jesus disse “minha mãe e meus irmãos são os que fazem a vontade do meu Pai”, o ‘sim da intercessão’ quando pediu vinho ao Filho nas Bodas de Cana, o ‘sim do silêncio’ quando acompanhou Jesus caminhando para o Monte Calvário, o ‘sim de Mãe da Humanidade’ ao acolher aos pés da cruz a vontade de Deus: “Mulher eis aí teu filho”, o ‘sim da felicidade’ ao saber da ressurreição, e o ‘sim de Mãe da Igreja’ em Pentecostes.

O sim de Maria é "o reflexo perfeito do próprio sim de Cristo quando entrou no mundo"
"A obediência do Filho se reflete na obediência da Mãe e assim, mediante o encontro desses dois 'sim', Deus pôde assumir uma feição de homem. Eis o motivo pelo qual a Anunciação é também uma festa cristológica, porque celebra um mistério central de Cristo: a sua Encarnação.

"Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa Palavra", responde Maria no Ângelus. E o fruto daquela resposta está presente na vida da Igreja e penso que também na vida das Irmãs Servas de Nossa Senhora da Anunciação:

 A resposta de Maria ao Anjo se prolonga na Igreja, e em nossa Congregação chamada a tornar Cristo presente na história, oferecendo a sua disponibilidade para que Deus possa continuar visitando a humanidade com a sua misericórdia." Em todas as necessidades da Igreja hoje.

ANUNCIAÇÃO DO SENHOR

Ângelus: o Anjo do Senhor anunciou a Maria, e Ela concebeu do Espírito Santo; Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua vontade; O Verbo Divino se encarnou e habitou entre nós.

É lugar comum as reclamações das distâncias e dos silêncios de Deus na vida pessoal, nos acontecimentos, nos dramas da humanidade. Onde Deus estava quando aconteceu aquilo? Daí surge vários questionamentos. É a experiência de um Deus distante, omisso, insensível. Basta uma olhadela em toda a história da salvação para perceber o equívoco de tal afirmação. Desde o paraíso que Deus criou o homem e a mulher para serem parceiros Dele. Com Abraão, fez um pacto de fidelidade. No Egito, libertou e acompanhou o povo pela dureza e sofrimento do deserto. No exílio, enviou profetas para consolar o povo. E, na plenitude dos tempos, radicalizou sua presença no mundo: fez-se carne e habitou entre nós!

O Criador quis ser criatura. Essa é uma verdade inatingível pela mente humana. Soa absurdo aos nossos pobres ouvidos. É loucura para um sem números de homens e mulheres. Mas, para quem crer, é a mais bela página escrita no coração da humanidade. Deus assumiu o risco de ser gente. Essa é a novidade radical do cristianismo: nosso Deus tem rosto e coração de gente. Como posso continuar afirmando que Ele é distante, ausente, omisso... Pelo contrário, Ele é vida em nossa vida, é dor em nossas dores, é sofrimento em nossos sofrimentos. Quando o Verbo se encarnou, assumiu a carne (sarx) com tudo que ela tem de desprezível, exceto o pecado. Assumiu o limite e a fragilidade de ser pessoa. Será que precisamos de outra prova de amor de Deus por nós? Essa já é suficiente por demais.

A encarnação do Filho de Deus no seio virginal de Maria é a glorificação da pessoa humana. É bom ser pessoa. É tão bom que Deus resolveu experimentar. É o reconhecimento e a exaltação do corpo, como lugar de santificação e de vida. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Saber que Jesus esteve conosco estabelece motivação para vencermos as constantes lutas que enfrentamos. Deus reservou, aos homens e mulheres, o melhor de sua glória ao planejar o envio de seu Filho ao mundo. Que fato extraordinário quando visto de nossa frágil perspectiva: um Deus tão gigante e glorioso se digna assumir de forma mais direta e envolvente possível a nossa vida, tão ferida e desgastada.

No dia 25 de março celebramos a Anunciação do anjo Gabriel a Maria de que ela seria a mãe do Verbo Encarnado. Daqui a nove meses, nascerá o Menino Jesus. A liturgia da Igreja nos ajuda a viver e experimentar, todos os anos, a beleza da encarnação. Quando o arcanjo disse que Maria seria a mãe do Salvador, a jovem-virgem ficou em êxtase espiritual. O futuro da humanidade estava nas mãos daquela pobre jovem de Nazaré. Para felicidade, não só, dos homens e mulheres, mas de todo o mundo criado, incluindo o angélico, essa Virgem fiel disse sim. Tendo a verdadeira humildade, sabia que, se fora cumulada de tantas graças, não o fora senão por uma misericórdia e por um desígnio de Deus. Daí, a sublime resposta que Maria deu se repetir por todos os tempos enquanto o mundo for mundo: "Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo Tua palavra".

Qual o melhor fruto que podemos tirar da festa da Anunciação senão o de seguir o Filho, utilizando o mesmo caminho que Ele fez para vir até nós? "O feliz culpa que nos obteve tal Salvador", diz a liturgia da Semana Santa, referindo-se ao pecado original e à Redenção. Com toda a propriedade, podemos acrescentar, "e que nos deu Mãe tão terna, Advogada tão poderosa, verdadeiro penhor de salvação e de vida eterna".

Oração a Nossa Senhora da Anunciação:
Todas as gerações vos proclamem bem-aventurada, ó Maria! Crestes na mensagem divina e em vós se cumpriram grandes coisas, como vos fora anunciado. Maria ou vos louvo! Crestes na encarnação do Filho de Deus no vosso seio virginal e vos tornastes Mãe de Deus. Que possamos comunicar com a nossa vida a mensagem de Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida da humanidade. Amém!


Texto de: Frei Mário Sérgio, ofmcap

quarta-feira, 21 de março de 2012

Milagre da Escada - São José - Novena Bíblica de São José

Relação de José com o mistério da encarnação

                Maria concebeu o Verbo por obra do Espírito Santo não sem ter dado antes seu prévio consentimento. José, por sua vez, deu o consentimento para ser pai Dele com todos os poderes relativos. No desígnio divino, Maria e José eram necessários para a realização da encarnação. Deus quis precisar de Maria para a encarnação e quis precisar de José para sua entrada na estirpe de Davi.
                Como Deus respeita sempre a liberdade das suas criaturas, pede, por assim dizer, licença a Maria para que o “Espírito Santo desça sobre Ela” (Lc 1,35). Uma licença que Ela dá com seu livre e humilde Fiat. Assim, a relação de Maria com a Encarnação do Verbo é de natureza física enquanto deu sua própria carne a Cristo, sendo-lhe Mãe. Mas é, sobretudo de natureza moral, pela sua disposição interior de ser digna Mãe de Deus e pelo seu livre consentimento a essa maternidade.
                Quanto a José, sua relação com Cristo é unicamente de natureza moral e externa, como transparece claramente nos Evangelhos de Lucas e de Mateus. Porém sua paternidade é real, e tem as seguintes características:
a)      Foi predestinada e preordenada pelo Pai;
b)      Como em Maria, exige disposição de santidade adequada;
c)       Foi anunciada a José por um anjo que, a ele como a Maria, pede um consentimento livre e espontâneo.
Mas esses elementos de ordem moral põem José em estreita relação com o mistério da Encarnação, a ponto de esta ser a razão da sua missão e mesmo da sua existência. Seu matrimônio com Maria como condição prévia e a aceitação de sua paternidade, com o conseqüente exercício dos direitos e deveres correspondentes, põem José em relação singular e estreita com o Verbo Encarnado.
Á sua dignidade sobrenatural se deve logicamente acrescentar a sua santidade, certamente maior que em João Batista e nos Apóstolos. Maria e José têm, por assim dizer, uma santidade única e singular, correspondente à própria missão de que foram investidos.
Acredito que nada melhor do que concluir com a palavra do Papa João Paulo II na REDEMPTORIS CUSTOS (O guarda do Redentor), o Papa dá um relevo especial à figura ímpar de José nos Evangelhos. Com a palavra João Paulo II:
“Ora, no início desta peregrinação a fé de Maria se encontra com a fé de José. Se Isabel disse da Mãe do Redentor: “Bem-aventurada àquela que acreditou”, se pode, em certo sentido, aplicar esta bem-aventurança também a José, porque respondeu afirmativamente à Palavra de Deus, quando lhe foi transmitida naquele momento decisivo, José não respondeu ao anúncio do anjo, como Maria, mas fez como lhe tinha ordenado o anjo do Senhor e tomou consigo a sua esposa. Isto que ele fez é puríssima obediência da fé (cf. Rom 1,5; 16,26; 2 cor 10,5-6).
Pode-se dizer que o que José fez o uniu de maneira toda especial à fé de Maria: ele aceitou como verdade proveniente de Deus aquilo que Ela já tinha aceitado na Anunciação. O Concílio ensina: Ao Deus que revela é devida a obediência da fé, pela qual o homem se abandona totalmente e livremente a Deus, prestando-lhe o pleno obséquio do intelecto e da vontade e consentindo voluntariamente à revelação feita por Ele. A frase supracitada, que toca a essência mesma da fé, se aplica perfeitamente a José de Nazaré.
Ele, portanto, se torna um singular depositário do mistério escondido a séculos na mente de Deus (cf.Ef 3,9), como se tornou Maria depositária, naquele momento decisivo que é chamado pelo apóstolo de “Plenitude do tempo”, em que Deus mandou o seu Filho, nascido da mulher para resgatar aqueles que estavam sob a lei para que recebessem a adoção de filhos (cf Gal 4,4-5). Aprouve a Deus na sua bondade e sabedoria de revelar a si mesmo e manifestar o mistério da sua vontade (cf. Ef. 1,9), mediante o qual os homens por meio de Cristo, Verbo feito carne, no Espírito Santo têm acesso ao Pai e são tornados partícipes da natureza divina (cf. Ef 2,18; 2 Pd 1,4).
Deste mistério divino José é, junto com Maria, o primeiro depositário. Junto com Maria e também em relação com Maria ele participa desta fase culminante da auto-revelação de Deus em Cristo, e participa desde o princípio. Tendo sob os olhos os textos de Mateus e Lucas, pode-se também dizer que José é o primeiro a participar da fé da Mãe de Deus e que, assim fazendo, sustenta sua esposa na fé da divina anunciação. Ele é também aquele que é colocado por primeiro, por Deus, no caminho da “peregrinação da fé”, no qual Maria, sobretudo do Calvário até Pentecostes andará à frente de maneira perfeita.
A sua peregrinação de fé, José a terminará antes de Maria, isto é, antes que Maria esteja aos pés da Cruz no Gólgota e antes que Ela Cristo tornado ao Pai se encontre no Cenáculo do Pentecostes do dia da manifestação da Igreja ao mundo, nascida no poder do Espírito de verdade. Todavia, o caminho de fé de José segue esta mesma direção, permanece totalmente determinado pelo mesmo mistério, do qual ele, junto com Maria, se tinha tornado o primeiro depositário.
E diz ainda o Papa: “Mediante o sacrifício total de si próprio, José exprime o seu amor generosos para com a Mãe de Deus, fazendo-lhe dom esponsal de si. Muito embora decidido a afastar-se, para não ser obstáculo ao plano de Deus que nela estava a realizar-se, por ordem expressa do anjo ele manteve consigo e respeitou a sua condição de pertencer exclusivamente a Deus.”

sexta-feira, 9 de março de 2012

Nossa Senhora

Amor: processo de continuidade

Sempre que escutamos a Palavra do Senhor, por aquilo que Deus é, podemos ter um pouco de dificuldade, mas a Palavra do Senhor tem força. A palavra do outro pode passar pela falsidade, mas a Palavra de Deus não, pois é o Caminho. É como ir a um lugar sem ter um caminho a seguir, caso contrário,nos perderemos.
 Se quiser ser de Deus, terá que viver as duas vias do Senhor: ‘Amarás ao Senhor teu Deus e ao próximo como a ti mesmo’. O que você entende por esta palavra 'amor'?
É impressionante o quanto o amor de Deus nos toca. Os poetas sempre tentaram decifrar o amor, mas nunca conseguiram. Assim como Luiz de Camões em seu poema: ‘O amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer’. O amor não se poetiza. Quantas vezes sentimos o amor e não sabemos onde realmente dói? O amor é revelação, inauguração, tem o poder de ser novo com aquilo que estava velho.
Jesus sabe da capacidade de olhar as coisas miúdas da vida, as que não damos valor, e aquelas que ninguém havia visto antes. Colocando os pés no seguimento de Cristo, ouvimos a Palavra para olhar a vida diferente: ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’. E o que significa amar o meu próximo? O que significa olhar para o meu irmão e saber que nele tem uma sacralidade que não posso violar? Como posso descobrir este convite de Deus de abrir os olhos às pessoas? No dia de hoje, lhe proponho que acabe com os 'achismos' do amor. Por muitas vezes, em nome do amor, nós fazemos absurdos: seqüestramos, matamos, fazemos guerra, criamos divisões.
A primeira coisa que Deus precisa curar é o que nós achamos do amor.
O amor nos dá uma força que nem nós mesmos sabíamos que tínhamos. É a capacidade que o amor tem de nos costurar. Quantas vezes olhamos para a objetividade do outro que nos motiva a sermos melhores. É o amor com suas clarezas e suas confusões.
Hoje tem um jeito comum de trazer o que você tem de mais precário em sua vida e dar ao outro. Muitas vezes em nome do amor tratamos as pessoas como ‘coisas’.
Quando Deus entra em nossa vida e entramos na vida de outras pessoas, temos que entrar como Deus, agregando valores. Caso contrário é melhor que eu fique de fora, porque você é um território que merece respeito.
Essa Palavra de Deus é comprometedora. É fazer as pessoas amarem a Jesus pelo seu testemunho, a partir do momento em que você permite transmiti-lo, nesta realidade do dia-a-dia, ao acordar e dormir.
Na passagem da sarça ardente (Ex 3,2ss ) Deus se manifesta em uma árvore que pega fogo mas não é consumida. Esse é o amor de Deus: Quanto mais nós amamos, mais somos consumimos, e se estamos esgotados é porque amamos ‘de menos’. Vamos ficando sem o vigor, mas a sarça queima sem se consumir. O fogo do amor não queima, pois é um fogo que faz outro fogo, e a experiência do amor de Deus é feita pelo amor de um para o outro. Amar o outro é levar prejuízo. Quantas vezes você passou noites inteiras acordadas pelo seu filho? Quanto sono perdido? Isso é por amor. Você vai saber o que é amor quando você se consome, mas não se esgota. Você nunca vai dizer que está cansado de amar o seu filho. Você está cansada dos problemas causados pelo filho, mas não de amá-lo.
Quantas pessoas que procuram e estão necessitadas do amor, mas em sua busca correndo atrás das micaretas e baladas? A busca do amor está aguçada. Está todo mundo querendo saber o que é o amor, e todos precisando de cura. Quantas pessoas foram amadas erroneamente, trazendo as marcas de um amor estragado.
Quando alguém nos ama com um amor estragado, só se percebe em longo prazo. Como comer uma comida podre que vai dar um problema sério no futuro. Aquele desaforo, aquela traição, aquela mentira e o que você fez com tudo aquilo? Como aquilo repercutiu em você? Aquela experiência ruim que sofreu, onde está?
Quando digo que amo a Deus, estou dizendo no avesso desta frase que amo a mim também. Nenhuma pessoa pode amar a Deus se não se ama. Nenhuma pessoa pode ter uma experiência com Deus se não for pelo amor a si próprio, pelo respeito por si mesmo. O amor a Deus passa o tempo todo pelo cuidado que eu tenho com a minha vida, com a minha história.
Deus nos quer cuidados. Você precisa redescobrir a graça de se amar. Quanto você se ama? O que você ainda espera de você mesmo? Como você ainda se cuida? O quanto você ama a Deus? O que você faz por Ele? Quanto do seu tempo dedica a Ele? As mesmas respostas das primeiras perguntas valem para as segundas. O tempo em que você se dedica a Deus dedica a você mesmo; pois a obra que Ele quer restaurada é você.
‘Se quiser entrar em minha vida retira as sandálias, pois esse solo é santo’. O amor que tenho a meu Deus é um amor a mim mesmo. Deus quer ser glorificado através de mim. Não haverá a possibilidade de sermos santos se não retirarmos de nós as 'podridões'. Tenha coragem de tirar as histórias do passado que doem e que você as carrega até o dia de hoje.
O alvo deste acampamento, não é o amor que você tem a Deus, mas é o amor que você tem a você mesmo, que é determinante para saber a sacralidade do outro. A gênese da nossa capacidade de amar o outro, está na incapacidade de não me amar. A conversão é um movimento contrário, para amar a si mesmo. É impossível uma pessoa que se ama se drogar, ou deixar outra pessoa jogar para dentro de si uma substância letal. Como sou capaz de amar o próximo como a mim mesmo, se ainda não me amo?
Faça caridade a você primeiro. Os seus amigos irão agradecer por você se amar. Quando o amor nos atinge, seremos mais felizes. Vamos experimentar da graça e dar a graça ao outro também. Um povo que se ama é um povo que sabe aonde vai. O amor a Deus e ao próximo é um amor a si mesmo. Eu ainda acredito no que Deus pode em mim. Volte a gostar de você!
(Pe.Fabio de Melo)
Fonte:www.cancaonova.com.br

quinta-feira, 8 de março de 2012

E Deus te Fez Mulher...

Tudo parecia já estar completo e definido. O Divino Artesão, inflamado de Amor, contemplava sorrindo toda a Sua Criação e via que tudo era muito bom. Fontes de água cristalina, bosques com as mais frondosas árvores, céu azul e estrelas pontilhando as noites imemoriais do principio dos tempos. Tudo brotara do Seu Coração de Pai, tal quais raios e trovões de amor e misericórdia nascem de nuvens carregadas do Amor Divino. O Sonho do Criador estava pronto e maravilhava Seus Divinos Olhos! E coroando a criação sua mais preciosa e predileta obra, feito à Sua imagem e semelhança. Dentre toda a Criação, o único ser que receberia a estatura de FILHO: O HOMEM!

Ora, o Divino Artista tem coração de Poeta, e nesta aguda e divina sensibilidade, percebeu uma pontinha de solidão que precisava ainda ser colorida com Seu Amor. E tendo feito adormecer o varão e com um lindo sorriso antevendo a surpresa que lhe faria, tira de Seu Coração toda a delicadeza que pode e da costela do Homem o material humano com que adornaria primorosamente a pintura da Criação. E dos delicados canteiros de Sua Divina Inspiração, ornada de artísticos contornos, plantou na terra a sua mais bela flor. E DEUS FEZ A MULHER!

Creio que no fundo do coração de Deus não havia outra intenção ao criar a mulher que não fosse inserir na história Sua Ternura e Delicadeza divinas por meio da personalidade feminina, sem fazer disso um sinal de fraqueza ou pieguice. Deus fez a mulher não fraca, mas frágil. E todos sabemos que na verdade as coisas mais frágeis são normalmente as mais valiosas. Na identidade feminina reside o mistério da força e formosura divinas que se nos revelam em tantos detalhes, de modo especial no dom da maternidade. Que presente do céu para as mulheres poderem ser celeiro da inspiração do Pai, sendo guardiãs e colaboradoras do Dom da Vida!

Ainda que nos tempos modernos a imagem feminina seja tão violentada, vulgarizada, posta num caldeirão de indignidades próprias de uma sociedade que não enxerga o valor do ser humano, saibamos que nos lábios do Senhor a palavra “MULHER” é um título. “Mulher” Ele chama àquela que entre a multidão que o exprimia nas ruas da Galiléia foi a única que se atreveu a tocá-lo. Impelido a olhá-la nos olhos, declarou firmemente: “Mulher, a tua fé te salvou!”. E também a ressurreição, o grito de que a tumba estava vazia foi dado corajosamente em primeiro lugar pela voz feminina.

E se tão somente em tudo isso o Deus Todo Poderoso já não fez da mulher um ser de altíssima dignidade, desejou Ele mesmo vir ao mundo pelo ventre puríssimo de uma mulher especial. Reservou a si mesmo a mais especial das Flores para ser Sua Mãe, aquela que mereceria de fato o titulo de A MULHER! Se o Deus Eterno e Absoluto desejou ser abrigado no ventre feminino, que maior dignidade é necessária dizer da natureza feminina?

Que essa reflexão, inspirada ao meu coração por Aquele que as criou possa ser para cada menina, cada senhora, cada jovem, cada MULHER um recado da parte do Senhor! Que saibam o quanto Deus as ama e o quão especiais são na história da salvação. O teu valor de mulher não está fora, mas dentro de ti mesma. Tua dignidade está em saber-se amada por Deus e por isso mesmo o valor que tens é justamente o valor de Princesas, filhas do Rei dos Reis! Autor do texto
Roberto Amorim

quarta-feira, 7 de março de 2012

À você mulher

Bem aventurada a mulher que cuida do próprio perfil interior e exterior, porque a harmonia da pessoa faz mais bela a convivência humana.
Bem aventurada a mulher que, ao lado do homem, exercita a própria insubstituível responsabilidade na família, na sociedade, na história e no universo inteiro.
Bem aventurada a mulher chamada a transmitir e a guardar a vida de maneira humilde e grande.
Bem aventurada quando nela e ao redor dela acolhe faz crescer e protege a vida.
Bem aventurada a mulher que põe a inteligência, a sensibilidade e a cultura a serviço dela, onde ela venha a ser diminuída ou deturpada.
Bem aventurada a mulher que se empenha em promover um mundo mais justo e mais humano.
Bem aventurada a mulher que, em seu caminho, encontra Cristo: escuta-O, acolhe-O, segue-O, como tantas mulheres do evangelho, e se deixa iluminar por Ele na opção de vida.
Bem aventurada a mulher que, dia após dia, com pequenos gestos, com palavras e atenções que nascem do coração, traça sendas de esperança para a humanidade.  A. D

sábado, 3 de março de 2012

O MILHO DE PIPOCA!

A transformação do milho duro em pipoca macia é simbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser.
O milho de pipoca não é o que deve ser.
Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com gente. As grandes transformaçoes acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só elas não percebem. Acham que é o seu jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor.
Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.
Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação. pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece:
Bum!
E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesma nunca havia sonhado.
Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisas mais maravilhosas do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria a ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada.
Seu destino é o lixo.
E você o que é?
Uma pipoca estourada ou um piruá?

Rubem Alves

Orai sem cessar

Uma das principais práticas do tempo quaresmal é a oração. Ela não somente é importante, mas é o respiro mesmo da vida cristã, pois exprime a atitude essencial do crente diante de Deus. Por isso mesmo, se pode afirmar sem medo que aquele que não reza é ateu, ainda que externamente se diga religioso. Mas, por que tanta importância para a prática da oração?
O Senhor Jesus rezou e nos mandou "rezar sempre, sem jamais esmorecer" (Lc 18,1). Os místicos e os pregadores cristãos sempre insistiram na importância da oração. Por quê? Para quê rezar louvando, se Deus não precisa de nosso louvor? E pra quê rezar pedindo, se Deus sabe do que precisamos? Será mesmo o homem capaz de modificar o desígnio de Deus, que é infinito? Pode o homem argumentar com Deus, de modo a fazê-lo mudar de idéia? Neste texto e nos próximos, proponho-me refletir sobre estas três questões: Que é rezar? Para que rezar? Como rezar?
De modo apressado, na ponta da língua, afirmamos: Rezar é conversar com Deus, é falar com ele. Santa Tereza, no seu "Caminho da Perfeição", deu uma definição que se tornou clássica: "Rezar é tratar de amor com quem sabemos que nos ama". Tudo isso é verdade, tudo isso é rezar. Mas, biblicamente, a oração é bem mais que isso. Não se trata primeiramente de conversar com Deus, mas de colocar-se diante dele, caminhar na sua presença, aberto para ele. Observe-se que nas definições dadas, parece que rezar é coisa nossa: falamos e Deus escuta; tomamos a iniciativa e Deus acolhe. E não é isso! Na oração, o sujeito é primeiramente Deus, e não nós mesmos. É ele quem fala, é ele quem toma a iniciativa: "Ouve, meu povo, eu te conjuro; oxalá me ouvisses, Israel!" (Sl 80, 9) Rezar é, antes de tudo, uma atitude de abertura e escuta diante do Senhor que vai falar: "O primeiro mandamento é: Ouve, ó Israel..." (Mc 12,29). A oração só começa e somente é possível quando nos colocamos nesta atitude de total disponibilidade ante o Senhor, na obediência e no reconhecimento que ele é o Senhor: "Quero ouvir o que o Senhor irá falar..." (Sl 84,9); "Ah! Se meu povo me escutasse, se Israel andasse sempre em meus caminhos... (Sl 80,14). Um belíssimo exemplo de disponibilidade do verdadeiro orante é o salmo 118. Todo ele é um cântico apaixonado à Lei de Deus. Lei, aqui, no sentido de vontade, de desígnio, de plano, de projeto amoroso do Senhor a nosso respeito: "Que meus caminhos sejam firmes para eu observar teus estatutos. Eu te procuro de todo o coração, não me deixes afastar de teus estatutos. Bendito sejas, Senhor; ensina-me os teus estatutos" (Sl 118,5.10.12). Reza de verdade quem de verdade não fala primeiro ao Senhor, mas primeiro se dispõe a escutá-lo: "Fala, Senhor, que teu servo escuta" (1Sm 3,10). A primeira súplica de quem deseja rezar de verdade é esta: Senhor, "dá a teu servo um coração que escuta" (1Rs 3,9).
Mas, onde se pode escutar o Senhor falar? A pergunta é importantíssima. Pode ser que pensando escutá-lo, só escutemos a nós mesmos, a nossos caprichos, ao nosso próprio coração. Como escutá-lo de verdade? Primeira e fundamentalmente, na Sagrada Escritura, lida-escutada num espírito de oração, de disponibilidade, de gratuidade. Nunca deveríamos ler-escutar a Palavra de Deus simplesmente para encontrar respostas. Ela deve ser frequentada gratuitamente, sem outra pretensão que não aquela de um coração que deseja ouvir o seu Amado, aquele que o enche de vida, paz e serena alegria: "Os preceitos do Senhor são retos, alegram o coração; o mandamento do Senhor é claro, ilumina os olhos. Suas palavras são mais doces que o mel escorrendo dos favos" (Sl 18,9-10.11b). Ler-ouvir a Escritura é ouvir o coração de Deus; por isso ela deve ser lida com um espírito de fé, um espírito de total confiança e disponibilidade em relação ao Senhor. A primeiríssima atitude de quem reza não é falar - e muito menos tagarelar diante de Deus: é escutar! "Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como os gentios, que imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles!" (Mt 6,7-8a).
Esta freqüência à Palavra, esta escuta amorosa e fiel do coração de Deus, vai nos fazendo conhecer e admirar tudo quanto ele fez, o que ele falou, a sua fidelidade, o seu amor, o seu modo de tratar o seu povo, o excesso da sua misericórdia ao nos enviar o Filho Jesus e nos divinizar com o Espírito Santo. Assim, o fiel vai conhecendo o coração de Deus, vai se encantando com o Senhor a aprendendo a nele confiar e a ele se abandonar. A escuta vai nos fazendo homens e mulheres amigos de Deus, homens e mulheres de Deus, que começam a sentir o coração seu coração divino e a compreender os modos do Senhor. Esta escuta perseverante e fiel da Escritura, irá nos ensinando a escutar o apelo de Deus, seu desígnio para nós, na palavra de Igreja, nos acontecimentos da vida, nos apelos dos irmãos e em tudo que nos aconteça. Aí sim: tudo irá se tornando uma palavra do Senhor para nós. Mas, estejamos atentos: somente a partir da Palavra em sentido estrito, que é a Escritura Sagrada, aprenderemos a discernir as palavras de Deus nas outras realidades da vida. Sem partirmos da Escritura, escutaremos nas outras ocasiões somente a nós mesmos e nossos caprichos.
Esta atitude de escuta suscita no nosso coração uma resposta, cheia de confiança, admiração e amor, que brota do mais profundo de nós. Então, cantaremos, agradeceremos, louvaremos, pediremos ou, simplesmente, choraremos: "Eu derramo minha alma perante o Senhor" (1Sm 1,15b). Agora sim: a escuta provocou a resposta; resposta dócil, obediente, amorosa, adorante, admirada! Então, estabelecer-se-á o diálogo que é fecundo, que não é tagarelice, que é "tratar de amor com quem sabemos que nos ama". Deus falou e nós respondemos com a palavra, com o afeto, com o louvor, coma as lágrimas, com o silêncio contemplativo, com a vida.
Reflexão feita  por Dom Henrique Soares da Costa