quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O caminho para o mar


 

Um rio, na sua tranquila corrida para o mar, chegou e a um deserto e parou. Diante de si, tinha somente pedras espalhadas por todo lugar e dunas de areia a perder de vista. Ficou paralisado pelo medo. – É o meu fim – pensou desesperado – nunca vou conseguir atravessar este deserto. A areia vai engolir a minha água e eu vou desaparecer. Nunca mais chegarei ao mar. Sou um rio fracassado.

Aos poucos as suas águas começaram a ficar sujas. O rio estava virando lama e estava morrendo. O vento, porém, tinha ouvido as suas lamúrias e decidiu salvar-lhe a vida.

– Não tenhas medo, deixa que o sol te esquente. Tu vais subir ao céu na forma de vapor. Depois eu mesmo pensarei o restante.

Mas o medo do rio aumentava:

- Eu não sou feito para voar nos ares, eu devo correr entre as margens, líquido e majestoso.

O vento insistiu e explicou:

- Quando chegares ao céu, vais te transformar numa nuvem. Eu te levarei além do deserto e tu poderás cair novamente sobre a terra, na forma de chuva, vais voltar a ser rio e vais chegar ao mar.

O rio, porém, teve mais medo ainda. Assim foi devorado pelo deserto.

Podemos dizer isso de muitas formas, mas a nossa vida é feita de contínuas transformações. Somos sempre a mesma pessoa, mas também mudamos. As etapas da vida nos fazem passar pela infância, pela juventude, pela idade adulta e, enfim, pela velhice. Os traços pessoais permanecem, no entanto, às vezes, mudamos tanto que ficamos quase irreconhecíveis. As maiores transformações, porém, não são as do nosso corpo. Mudamos muito mais nas ideias, nos afetos, nos pensamentos, nos sonhos e nas esperanças. O ser humano vive em transformação. É por isso que queremos saber de onde viemos e para onde vamos. Se a vida é um caminho, para onde nos conduz? Podemos encontrar as respostas escutando o que o Filho, Jesus, nos diz, dando ouvido e acreditando na voz do Pai que o enviou. A missão de Jesus foi a de nos fazer conhecer o amor do Pai. Ele quis reconduzir a humanidade ao encontro com Deus, numa nova aliança de amor. Deu atenção aos mais afastados, aos mais sofridos, buscou as ovelhas perdidas. Desmascarou uma religiosidade hipócrita feita de rigor exterior e sem coração. Perdoou e não condenou os pecadores. Entregou totalmente a sua vida a esta missão e pagou muito caro por tudo isso: foi morto na cruz. No entanto abriu o único caminho possível para a verdadeira transformação da vida pessoal de cada ser humano e do mundo inteiro: o caminho do amor. Os apóstolos começaram a entender tudo isso somente na manhã radiosa da Páscoa e ao anoitecer daquele dia quando o reencontraram ressuscitado. Cada um de nós é chamado a dar um sentido às transformações que acontecem em sua vida. Cada etapa é o fim de algo, mas pode ser também um novo começo. Vale também para os acontecimentos da vida. Alguns são esperados e preparados, outros nos pegam de surpresa e devemos reaprender a conviver com a nova situação. Tudo, em nossa vida, poderia – ou deveria – servir para nos tornar melhores. Mais capazes de amar e sofrer; mais capazes de doar e aceitar ser ajudados; mais capazes de confiar e ser confiáveis. Mais corajosos na fé, mais firmes na esperança e mais generosos no amor. Mais felizes. Nem sempre isso acontece. Muitas vezes mudamos para pior. Ficamos mais egoístas, interesseiros, vingativos e rabugentos. Sempre mais tristes e perdidos. É porque deixamos de prestar atenção e acreditar naquilo que Jesus fez e ensinou. O caminho para a vida nova da ressurreição passa pela subida ao Calvário, tem que morrer um pouco todo dia ao nosso orgulho para deixar a paz do Senhor tomar conta do nosso coração. “Somos cidadãos do céu” nos lembra a carta aos Filipenses. Somos rios que devem correr para o mar, de transformação em transformação. Não somos feito para morrer nos desertos da vida.

Dom Pedro José Conti – Bispo de Macapá

 

Depoimento das formandas sobre suas experiências!!!




Vocação, uma entrega de amor!!
A vida religiosa é um ato de amor e também é muito desafiadora, e ao abraçar este ato de total entrega, sempre me deixei conduzir por Deus, este que chama e também da força e coragem. E nesta experiência, neste seguimento a Jesus Cristo, o anseio de se lançar totalmente ao projeto de Deus, com a missão de levar Cristo às outras pessoas, me fez perceber o quanto é importante esta contínua resposta de amor que a cada dia vem sendo construída.

Irz. Elaine S. de Freitas

 
A experiência do servir
É com imensa alegria, que venho expressar a boa experiência que fiz neste ano de 2012, no seguimento de Jesus dando assim uma resposta a mais ao chamado que Ele me fez. Como o “Sim” de Maria mudou a historia da Salvação, assim eu me coloco como uma Serva, aos pés de Jesus, para estar ajudando as pessoas mais necessitadas de amor e carinho. Procurei também seguir o exemplo do nosso querido Pe. Fundador, de se deixar modelar no meu dia a dia diante das alegrias e dificuldades para me lançar no projeto do meu ideal, que é o seguimento de Jesus Cristo.

Então o Postulantado foi uma grande experiência que me ajudou no crescimento, tanto pessoal quanto espiritual. Compreendi que o “CHAMADO” é algo especial e que “Jesus não escolhe os capacitados, mas, capacita os que Ele escolheu.”

Irz. Flávia Cristina da S. Sousa.

 
O diálogo com Deus
A experiência que tenho do Postulantado é que foi um período de conhecer-me mais e também à Congregação, e aprender a valorizar essa presença de Deus em minha vida. Procurando viver cada dia mais uma intimidade com Deus, fortalecendo meu “SIM” para discernir a cada dia o chamando que Ele me faz. E tomo gosto pelo diálogo com Deus tornando assim mais forte este laço de amor que tenho. Apaixono-me cada dia pela proposta que Ele me faz, para não desanimar diante das dificuldades e deixar-me conduzir cada dia por águas mais profundas. Irz. Regiane M. dos Santos

 
Formando para uma vida nova
O tempo de formação é um tempo precioso no qual descobrimos o sentido da vida consagrada “Const. Cap. III - 18”. 

É neste sentido de descoberta e amadurecimento que posso afirmar quão importante foi este período para mim. Aqui descobri que o ser humano vai além das aparências e que os valores e dons, que traz consigo, são únicos, mesmo que pareçam com tantos outros, pela forma com a qual os colocamos em pratica. Posso afirmar também que durante esses 5 anos descobri-me como pessoa, no sentido de que sou bem mais que uma simples jovem. Sou um ser amado, de muito valor e que as fragilidades, os erros, as limitações, não definem por si só a integridade do meu ser.

Fui alcançando dessa consciência aos poucos, nos confrontos comigo mesma, nas partilhas, mesmo que tenham sido poucas, e nas outras formas de autoconhecimento que o período de formação me proporcionou. Houve dificuldades, mas nem por isso posso dizer que houve momentos ruins, pois as dificuldades me ajudaram a crescer e a dar passos de qualidade na caminhada, com a ajuda de Deus e através daquelas que Ele usou como instrumentos seus, minhas formadoras.

O tempo passou muito rápido, mas a experiência foi ótima e penso que se as jovens “La Fora” pudessem ter um pouco do que nós temos, enquanto valorização da vida e amadurecimento espiritual, nossa sociedade seria diferente. E se hoje eu optasse por outra vocação, não me arrependeria deste tempo de formação.

Para finalizar com o pensamento: Cada ser humano é único, as experiências são únicas, cabe a cada um fazer valer a pena sua vida e buscar realizar-se como pessoa. Cada um faz uma experiência diferente do outro e a forma que vivenciamos é que as diferenciam das outras.

Ir. Denilce S. de Freitas

O que é o Ano da fé, o porquê a Igreja celebra?




“Em Nazaré, conforme seu costume, no dia de sábado, foi à sinagoga e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, encontrou o lugar onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor”. Depois, fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos de todos, na sinagoga, estavam fixos nele. Então, começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (cf. Lc 4, 14-21; Isaías 61,1-2).

Celebrar O Ano da Fé é muito mais do que viver 365 dias como um ano civil, não é um tempo cronológico, mas um “ano da graça do Senhor”. É um Kairós, um tempo em que Deus através da Igreja nos chama para si, para determinada graça que quer renovar ou derramar sobre nós em vista de nossa conversão e de sua Vinda próxima, seguindo a necessidade dos tempos. Segundo a Tradição, o povo Hebreu vivia a cada sete anos um ano sabático, onde durante aquele ano, libertavam-se os presos, perdoavam-se as dividas, e tudo que os animais e a terra produziam pertencia ao Senhor. Era um ano de perdão e ação de graças.

Qual é a grande necessidade dos nossos tempos? “Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. Durante a homilia da Santa Missa no início do pontificado, disse: “A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude” (cf. Jo 10,10). Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.” (cf. Porta Fidei n°2).

“Chegando ali, reuniram a comunidade. Contaram tudo o que Deus fizera por meio deles e como ele havia aberto a porta da fé”. (cf. At 14,27).

Pelo Batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo recebemos o Dom da Fé, que nos une a Cristo que é a PORTA para a plenitude da vida humana, pelo qual podemos nos dirigir a Deus como Pai e está concluída com a passagem da morte para vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que com o dom do Espírito Santo quis nos fazer participantes de sua própria glória àqueles que creem. Essa é a nossa fé! O Batismo será o sacramento a ser renovado e vivido.

“Pelo batismo fomos sepultados com ele em sua morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova”. (cf. Rm 6,4).

Reavivar o dom da fé através do encontro com a Pessoa de Cristo: Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço, para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva: Jesus respondeu: “Todo o que bebe desta água, terá sede de novo; (cf. Jo 4, 14). Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos (cf. Jo 6, 51). De fato, em nossos dias ressoa ainda, com a mesma força, este ensinamento de Jesus: “Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna” (Jo 6, 27). E a questão, então posta por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: “Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?” (Jo 6, 28). Conhecemos a resposta de Jesus: “A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou” (Jo 6, 29). Por isso, crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação (cf. Porta Fidei n°3).

Devemos viver este Ano da Fé abrindo o nosso coração ao convite da Mãe Igreja, para aprofundar a nossa fé, nas seguintes e importantes dimensões:

-A fé recebida como um Dom gratuito fruto principal do encontro pessoal com Jesus e do Sacramento do Batismo, que nos une a Cristo e a Sua Igreja;

- Renovar e aprofundar o dom da Fé: através de um caminho de escuta e diálogo com Deus e com os irmãos, pela Sagrada Escritura e pela sã Doutrina da Igreja, ouvindo os seus pastores e os sinais dos tempos;

- Celebrar a fé: no dia a dia celebramos a fé na oração e na celebração, principalmente dos Sacramentos, por excelência a Eucaristia, supremo Sacramento da fé. Este é um dos motivos do Ano da Fé. Celebrar o 50° do Concilio vaticano II na data de 11 de Outubro de 2012; Celebrar o 20° ano da publicação do Catecismo da Igreja Católica promulgação pelo Beato João Paulo II; Celebrar o primeiro fruto deste ano da fé, Assembleia geral do Sínodo dos Bispos neste Mês de Outubro tendo como tema A nova evangelização para a transmissão da fé Cristã;

- Professar a fé: “Idealizou”-o como um momento solene, para que houvesse, em toda a Igreja, “uma autêntica e sincera profissão da mesma fé”; quis ainda que esta fosse confirmada de maneira “individual e coletiva, livre e consciente, interior e exterior, humilde e franca” (Disc Paulo VI). Pensava que a Igreja poderia assim retomar “exata consciência da sua fé para reavivá-la, purificar, confirmar, confessar” (Disc Paulo VI). As grandes convulsões, que se verificaram naquele Ano, tornaram ainda mais evidente à necessidade duma tal celebração. Esta terminou com a Profissão de Fé do Povo de Deus, para atestar como os conteúdos essenciais, que há séculos constituem o patrimônio de todos os crentes, necessitam de ser confirmados (cf. Porta Fidei n° 4).

- Testemunhar a fé: estes conteúdos da fé “compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para se dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado” (cf. Porta Fidei n° 4).

- Anunciar a fé: sempre com a Igreja e enviados por Ela os cristãos conscientes e renovados na sua fé anunciarão a Boa Nova com renovado ardor missionário atendendo aos apelos dos nossos tempos.

Motiva-nos o Santo Padre: Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, “não perdem o seu valor nem a sua beleza. É necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa”. Quero aqui repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: “Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja” (cf. Porta Fidei n° 5).

Vamos unidos com toda a Igreja e confiantes trilhar este caminho, atravessar esta Porta, que implica comprometer-se num caminho que dura à vida inteira, pois “eu sei em quem coloquei a minha fé” (cf. 2Tm 1).

“Quero confiar à Santíssima Mãe de Deus todas as dificuldades que vive o nosso mundo na busca de serenidade e de paz; os problemas de tantas famílias que olham para o futuro com preocupação, os desejos dos jovens que se abrem à vida, os sofrimentos dos que esperam gestos e escolhas de solidariedade e de amor. Quero confiar à Mãe de Deus também este especial tempo de graça para a Igreja, que se abre diante de nós. Vós, Mãe do ‘sim’, que escutastes Jesus, falai-nos d’Ele, contai-nos sobre vossa estrada para segui-lo no caminho da fé, ajudai-nos a anunciá-lo para que cada homem possa acolhê-lo e se tornar morada de Deus. Amém!”. Papa Bento XVI

Fonte: Blog Canção Nova